As palavras flutuavam pela sala, invadiam-me o peito e despertavam-me os sentidos. A tristeza sufocava as lágrimas que teimavam em não escorrer por meu rosto. Apetecia-me tanto chorar e as lágrimas apenas apertavam no peito o coração numa dor quase insuportável. Queria tanto chorar. Mas meus olhos secaram de tanto que já chorei. Precisava de aliviar a minha angústia mas talvez o único alívio seja o de te esquecer.
E a música continuava a tocar … Sem esperança, sem esquecimento, sem alívio, sem retorno. As minhas mãos procuravam por ti, o meu olhar percorria desesperadamente a sala como se te procurasse mesmo sabendo que não estavas ali. Ahhh como pude deixar que o meu coração se fechasse e ser hoje tudo aquilo que nunca quis. Como pude deixar secar o amor do meu coração? Como me pude esquecer tudo, para apenas me lembrar eternamente de ti? Vejo a vida passar por mim como se fosse um filme e não me permito voltar a amar, não por medo de sofrer .. mas sim por não te deixar morrer em mim.
Esta noite apeteceu-me matar todo e qualquer vestígio de ti, arrancar-te do peito, do corpo, da alma. Arrancar-te de mim para sempre e não fui capaz. Quis tanto rasgar todas as folhas que te escrevi, esquecer as músicas, os pormenores os lugares. Fazer secar o mar que me traz a lembrança. Mudar a Lua de lugar para jamais me lembrar de ti … Quis tanto ser outro alguém, ser outro gajo ou não ser ninguém.
Depois lembrei-me que morrer poderia ser a única solução, mas ai não teria a vida toda pela frente e era viver que eu queria. Queria VIVER! Pôr um ponto final no passado e deixar-me de reticencias… deixar de suspender a minha vida, libertar-me. Não deixar tudo num impasse como se ainda esperasse por ti.
Hoje quis tanto ou ter-te ou perder-te para sempre. Quis o esquecimento, acordar e não me lembrar mais de ti só para poder fazer tudo de novo.
AMO-TE
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